Carta aberta aos mineiros


Enquanto a vacina não chega….

Nas últimas semanas, tem sido reportado por médicos mineiros e de outros estados aumento no número de casos de COVID-19, com impacto na rede suplementar de saúde, tanto de casos leves como formas mais graves, em leitos de terapia intensiva.

Independente de se tratar do início da segunda onda da pandemia ou recrudescimento na primeira onda, o impacto no sistema de saúde é real e a perda de vidas, indiscutível e irreparável.

Como já era esperado, o abrandamento das medidas de distanciamento social adotadas pelos estados e municípios, bem como a baixa adesão ao uso de máscaras e medidas de higiene, contribuem para o aumento do número de casos.

Medidas mais agressivas de isolamento social, como o lockdown, já foram adotadas por diversos municípios. Sabemos que impacto social, emocional e econômico é grande, no entanto menor que catástrofes humanitárias causadas por pandemias sem controle.

Estamos nos aproximando das festas de fim de ano, quando as pessoas e famílias tendem a se aglomerar em confraternizações, festas, reuniões e outros eventos sociais. Muitas vezes, o próprio ambiente não contribui para o distanciamento e para o uso consistente de máscaras.

Eventos desta natureza, normalmente, ocorrem em ambientes pouco ventilados, com muitas pessoas em pouco espaço. Há diversos relatos de eventos sociais causando a contaminação de dezenas de pessoas, provocando casos graves e mortes em transmissões secundárias. Eventos aparentemente inofensivos de celebração que podem causar morte de pessoas vulneráveis e até mesmo de jovens em plena capacidade produtiva.

Estamos na iminência de termos as primeiras vacinas aprovadas, e que prometem eficácia e excelente perfil de segurança. No entanto, há desafios com relação à produção, logística e definição de público prioritário.

Diante disso, pedimos à população mineira evite participar de eventos sociais que gerem aglomerações nas próximas semanas. Solicitamos ainda que o isolamento social de pessoas mais vulneráveis à infecção, como idosos, cardiopatas e diabéticos, seja mantido e reforçado.

Ambientes mais arejados, com ventilação natural e propício ao distanciamento, deverão ser preferidos quando forem as reuniões forem inevitáveis e não puderem ser substituídas por videoconferências.

Para as pessoas com sintomas, é fundamental buscar atendimento médico para receber orientações quanto ao isolamento, tratamento dos sintomas, estadiamento da gravidade e para a testagem, fundamental para o adequado diagnóstico.

Os contatos deverão ser rastreados pelos órgãos de vigilância epidemiológica e pelo próprio paciente, que deverá notificar eventuais pessoas que teve proximidade dois dias antes do início dos sintomas até o dia que ele iniciou o isolamento. Contatos deverão respeitar a quarentena por 14 dias, posto que poderão apresentar sinais da COVID-19 e, mesmo que não os apresente, poderão ter a infecção assintomática.

Os serviços de saúde, preparados para a resposta à pandemia de COVID-19, não deverão ser desmobilizados até que a transmissão seja baixa, preferencialmente após o início das vacinações.

Sabemos que a população mineira está cansada das medidas de distanciamento social, após vários meses de restrições, mas não é o momento de relaxarmos. Precisamos dar a oportunidade de os mais vulneráveis serem beneficiados com a vacina em 2021.

 

Sociedade Mineira de Infectologia

 

 

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